FIM

De que cor brincam as letras em seu alfabeto?

Me cala com abraços…

Hoje acordei ao contrario com meu mundo todo virado.

Voo solo de uma asa sem conserto

vermelho rubro da ferida viva que você deixou

nessa saudade estrangulada no meu peito

gritos surdos de uma voz que você insistiu em ignorar.

Te pedi tanto pra ficar…

Mas mudez é medo

e hoje estou desafiando

o que sobrou do céu

Fim da espera.

O JOGADOR

Parapaparapaparapapá. Parapaparapaparapapá.

Conhecido pela alcunha de Coringa e pela jogatina, compositor do morro, sedento para emplacar sucesso, bebeu toda cachaça que cabia, refinanciou o santo em busca dê fé e deu no pé.

Comprou fiado para fazer sua mortalha, não dobrou, tampouco desistiu – pagou pra ver. Sete, treze e tudo mais que reza a lenda. Bateu calcanhar e ralou, mas não sem antes checar munição.A vida é uma reflexão e sentou-se na primeira fila, mas manipulado pelo conformismo e pelo consumismo, tornou-se despetalado. Cartas na mesa e na espreita pra ver quem paga mais. Não que seja blefe, mas o mequetrefe está na pista a negócios.

Parapaparapaparapapá. Parapaparapaparapapá.

A meia noite e dez, a central de polícia recebe um telefonema e chega à cena. As cápsulas encontradas não deixam dúvidas: a casa levou a pior – Royal Flush.

Saiu de cena de carona. Chegando ao destino do passageiro, o motorista também encontrou seu derradeiro. Um tiro à queima-roupa na face direita selou sua vida. Mr. Jogatina passou para o banco da frente, roubou a carteira, rasgou um pedaço da camisa da vítima, saiu do táxi, limpou as portas dianteira e traseira, o painel da frente, bateu a porta e afastou- se: andando – Quadra.

Parapaparapaparapapá. Parapaparapaparapapá.

Seu corpo foi encontrado em condições terríveis, dividido ao meio, com todo sangue drenado e completamente mutilado. Seu rosto rasgado de orelha a orelha. Na boca: Ás de Espadas –  A Banca leva.

 Você ganha  e perde.O prazer é jogar. Quem viveu o êxtase não admite sucedâneos.

Fim de Jogo.

VAGA.LUME

Eu me reclino ao mar com dois travesseiros de vento

Vim bem antes da bagagem

Coloquei minhas mentiras no diário para viver as verdades em segredo

Amar é incomodar

Que eu vá, para aprender a gostar da distancia

Que eu possa voltar para dizer o que não tive coragem

Que eu solte os vaga-lumes que prendi em potes…

Eu acredito nas casualidades, nos encontros, nas passagens. Nas conversas que temos, nas músicas que cantamos. No que somos e nunca deixamos de ser. Eu acredito que podemos ser muito fortes, muito mais. Podemos ser como todos, e o tudo pode ser capaz. Eu quero suas mãos, suas ideias e defeitos, que me ensine o seu jeito, enquanto aprende o meu. Quero que faça sentido, que seja proibido, mas que entre nós todos não exista lei. Quero ser tudo que tem graça, que tem gosto e da pra sentir. Quero o que mais me da vontade, e quero vontade para prosseguir. Quero voar, mergulhar, morrer e matar a vontade de querer.

LOBO

O homem vendia morangos na rua. Quatro caixas por $10.

Seu caminhão estava com o motor pifado há tempos. No fim do dia, abaixava uma lona remendada em volta e amarrava com uma corda.

Antes de trabalhar com venda, foi segurança. Não teme trabalhar de preto debaixo de um sol avassalador.

Ela fala de uma amiga que é advogada e cria galinhas d.angola. Tem um boi que nasceu em casa e de vez em quando cisma de invadir porta a dentro e fazer graça. Divide o pasto com ovelhas e cachorros.

Ele ri com seus dois dentes e outros cacos enquanto tira o boné encharcado de suor e relembra a última vez que viu sua amiga.

Piscando um olho, revela que não contou para ela que vez ou outra,seu marido vende uma ovelha…

Ela sequer imagina que dorme com o lobo…

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